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Milhares de animais devem ser resgatados de telhados no Rio Grande do Sul

Grupos que atuam na causa animal, no Rio Grande do Sul e em outros estados, estão realizando resgates de barco para retirar animais abandonados nas casas

Viviane Taguchi

Uma protetora de animais do Rio Grande do Sul já resgatou, em sete dias, cerca de 300 cães que foram deixados nas casas abandonadas na região metropolitana de Porto Alegre (RS). A protetora Deise Falci está atuando na região, com a ajuda de voluntários, desde o início das enchentes, contraiu leptospirose, mas não abandonou a causa. Os animais resgatados estão sendo encaminhados para clínicas veterinárias, lares temporários e para um abrigo improvisado montado pelo grupo de voluntários.

Deise Falci está percorrendo as regiões inundadas de barco e jet ski a procura de animais desde o dia 29 de abril. Ela relatou, nesta quinta-feira (9) em suas redes sociais que mais de 300 cães foram retirados de telhados e casas abandonadas por ela somente nos últimos dias. Na manhã desta quinta-feira, os voluntários conseguiram também resgatar um porco de jet ski e o número de gatos resgatados pelos voluntários nos últimos dois dias passa de 200. “Os animais estão apavorados e muitos estão com hipotermia, muita fome e sede. Alguns estão no telhado das casas há sete dias esperando por socorro”, disse. 

A protetora contou que outros 200 cães que vivem em um sítio estão ilhados em uma propriedade. Um helicóptero foi enviado ao local para levar rações e medicamentos. O influencer e atleta Pedro Scooby cedeu um jet ski para o grupo de voluntários liderados por Falci.

Resgate em desastres

A médica veterinária Carla Sassi, também está no Rio Grande do Sul atuando em resgates de animais. Ela integra o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) e somente nos últimos três dias, resgatou cerca de mil animais, entre cães, gatos, aves e suínos. 

A equipe do GRAD está realizando as buscas com três barcos. Os tutores que buscam o grupo a procura dos seus animais são levados até as casas para tentativa de resgate. Segundo Carla, a maior dificuldade que o grupo tem é acessar os telhados onde estão os animais. “Eles [os animais] entendem um pouco o que está acontecendo e não dão trabalho, mas chegar até eles, está sendo difícil porque a água está no nível da rede elétrica e os fios dificultam a passagem das embarcações”.

Segundo Sassi, milhares de animais devem ser resgatados de telhados pelos grupos da causa animal. Agora, um catálogo está sendo feito, com fotos, para que os animais possam ser localizados pelos tutores ou sejam adotados por famílias.

O deputado estadual por São Paulo, Rafael Saraiva, está percorrendo as rodovias no entorno da região metropolitana de Porto Alegre, nesta quinta-feira (9) resgatando animais que fugiram para as estradas. Segundo ele, muitos foram atropelados na tentativa de escapar das enchentes. “Segundo a Polícia Federal, há centenas de animais mortos nas rodovias. Eles estão fugindo para as rodovias. São cavalos, bois, porcos e cachorros”. Segundo Saraiva, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal estão disponibilizando a estrutura para os resgates de animais.

Milhares de animais

Segundo dados do governo do Rio Grande do Sul 5.432 animais foram socorridos pela Brigada Militar, Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros em municípios gaúchos até a tarde de quarta-feira (8). 

O Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama também está realizando uma força-tarefa e os agentes estão percorrendo áreas alagadas em busca de animais. Além de animais domésticos, a busca também é feita para salvar animais silvestres que estejam em situação de isolamento.

De acordo com a Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul, ainda não há como mensurar o número de animais de criação (bovinos, suínos, aves e equinos) que morreram afogados durante as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. O Estado é um dos maiores produtores de suínos, aves e bovinos do país. 

Em Roca Sales, município que fica às margens do Rio Taquari, um morador flagrou dezenas de suínos mortos na beira da estrada. No mesmo local, que sofreu com enchentes em novembro de 2023, grupos de porcos também precisaram se refugiar em telhados e dezenas morreram afogados durante a enchente.

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