Narrador da Fórmula 1 na BandNews FM, Odinei Edson acompanha e conta a história da categoria há décadas aos ouvintes nas ondas do rádio. Por isso, ele elenca e relembra detalhes das cinco corridas mais memoráveis da carreira de Ayrton Senna no quarto episódio da série especial Ayrton Senna: O impacto do ídolo em uma geração, que traz trechos de narrações históricas dessas corridas (ouça acima).
Mônaco, 1984
Um piloto estreante no circuito mais desafiador. O carro? Bom, o carro não era lá essas coisas e tinha chuva, mas muita chuva, porque a chuva foi muito forte. Mona com a prova que foi atrasada até uns 40 minutos e depois deu a largada. O Grande Prêmio de Mônaco de 1984 era o cenário perfeito para um jovem piloto errar uma freada, acertar o muro e abandonar a corrida. Mas Senna quis enfrentar os grandes, enquanto os grandes patinam nas ruas do principado.
“O Airton fez uma corrida excepcional extraordinária, com o carro não tão potente como era a Toleman. Ele acabou atacando o Alain Prost, que largou bem. O [Nigel] Mansell errou, passou em uma faixa branca e rodou perto do Cassino e o Ayrton chegou e chegou forte para poder ultrapassar”, relembra Odinei,
A corrida foi interrompida, mas o vitorioso naquele fim de semana foi o brasileiro.
“Em um determinado momento, o Alain Prost ergueu o braço e pediu o final de prova, e os diretores aceitaram, o que o Ayrton não concordou muito. Então, a prova terminou com o Alain Prost em primeiro. Em uma das mais importantes [pistas], o Ayrton começou a conquistar o seu espaço merecido dentro da categoria máxima do automobilismo mundial", analisa Odinei.
Donnington Park, 1993
Não foi bem a última volta em Donnington Park 1993 que fez do Grande Prêmio da Europa uma das lendárias corridas de Senna na Fórmula 1.
"É a melhor volta da Fórmula 1, apontada por muitas pessoas. Ele simplesmente ele era o primeiro que conseguia, de uma forma excepcional, no automobilismo, uma primeira melhor volta na história, né? E essa corrida, ele ‘engasgou’ o carro e saiu, e foi recuperando e passando todo mundo, como se não tivesse ninguém na pista, como se fosse um treino, impressionante. Mas não é que ele passava todo mundo, ele passava os grandes nomes do automobilismo mundial.
Jerez de La Frontera, 1986
Odinei também lembra o Grande Prêmio de Jerez de La Fronteira 1986. A corrida aé que foi normal, mas o final foi memorável.
“Quando Nigel Mansell conseguiu sair pros boxes, trocar pneus e voltar com pneu aquecido e tirar uma diferença absurda, ele veio buscando a diferença para o Ayrton Senna. Nos últimos instantes, na última volta, ele chegou a emparelhar com Senna na reta principal. Os dois cruzaram a linha de chegada sem saber, naquele momento, quem tinha sido vencedor”, conta.
A glória verde e amarela estava em uma foto.
“Senna só ficou sabendo da vitória dele quando foi anunciado pela direção de prova que, na fotografia, acabou se constatando que o bico do carro do Senna chegou primeiro do que o de Mansell”, completou.
Monza, 1993
A verdade é que mesmo durante os momentos ruins, a aposta em Senna era sempre uma boa aposta ruim mesmo era apostar contra ele. Ou com ele. Essa história se passa em Monza, em 1993.
“Ele fez uma aposta com Ron Dennis [chefe da McLaren] e falou: ‘Ron, eu vou ganhar essa corrida’. E o Ron Dennis não acreditava. E apostaram somente o carro”, afirma.
As probabilidades, convenhamos, estavam ao lado de Dennis.
"De três anos anteriores, o Senna nunca conseguiu chegar no primeiro lugar em Monza. Então tinha ali alguma zica que o Senna não conseguia ganhar. ‘Se você chegar em primeiro, esse McLaren é teu'. E não deu outra: o Senna foi, venceu a corrida e ganhou o carro. Acho que está até no Instituto Ayrton Senna", relembra.
Interlagos, 1991
A mais icônica é a primeira em casa, na chuva. E, no fim, apenas uma marcha no carro.
"Tinha muita gente que não acreditava. Como é que pode um carro andar só nas últimas voltas com a sexta marcha. Mas depois fui constatado realmente pelo mecânico que o carro estava com problema no câmbio. Era um carro que você para virar o volante, mas não tinha direção hidráulica, não tinha um câmbio automático, como você tem hoje. Você tinha que dirigir com uma mão e engatar a marcha com outra. Então, o Ayrton desceu do carro muito mal, para erguer o troféu aquela cena famosa, a dificuldade que ele tinha pra poder erguer o troféu. Mas depois com muito esforço conseguiu e a comoção que tomou conta de Interlagos", completa.
Especial dos 30 anos da morte de Senna
A BandNews FM apresenta durante esta semana a série especial Ayrton Senna: O impacto do ídolo em uma geração, com cinco reportagens para rememorar a trajetória e o legado de Ayrton Senna. Os episódios vão ao ar de segunda (29) a sexta-feira (3).
A série, narrada por Bruno Camarão, tem produção de Alinne Fanelli, Isabela Mota e Yuri Queiroga, com texto e roteiro de Ivan Brandão.
